Criação do doutorado em Astrofísica, Cosmologia e Gravitação com conceito 5

O curso é baseado no princípio da co-orientação, sendo um dos orientadores do Brasil e o outro de uma das instituições estrangeiras participantes: a Universität Heidelberg, o Observatoire de la Côte d’Azur, o Institute of Cosmology and Gravitation - University of Portsmouth e o Fermilab.
 
O projeto envolve grupos de pesquisa de quatro instituições das regiões sudeste e nordeste: a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Dentro do contexto institucional brasileiro, a associação prevista nesta proposta inclui três universidades de porte médio ou grande (a UFES e a UFJF cada uma com pouco menos de dois mil professores no total e em torno de 20 mil alunos presenciais, e a UFBA com aproximadamente dois mil professores e 34 mil alunos), e um Instituto de Pesquisa já consolidado e que está entre as mais importantes instituições científicas brasileiras. A coordenação desta proposta ficaria a cargo da UFES por três motivos principais: possui o grupo de pesquisa mais numeroso das quatro instituições atuando na área da proposta; por ser uma instituição de ensino superior, possui um fluxo significativo de estudantes; por ter sido nessa instituição em que a presente proposta foi idealizada e recebeu imediato apoio administrativo; e por ser uma instituição fora das cidades que contemplam grandes centros de pesquisa já consolidados, assim promovendo a descentralização, ou regionalização, da pesquisa em física e astronomia.
 
Além destas instituições brasileiras, estarão presentes na associação aqui proposta quatro instituições estrangeiras: a Universität Heidelberg, Alemanha; o Observatoire de la Côte d’Azur, França; o Institute of Cosmology and Gravitation, University of Portsmouth, Reino Unido; o Fermilab, Estados Unidos. Estas instituições são referências mundiais nas áreas de Física e Astronomia. Em particular, elas participam expressivamente em grandes projetos científicos internacionais nessas áreas do conhecimento. Cada uma das instituições estrangeiras contribuirá com um pesquisador colaborador. Notamos que segundo as regras atuais da CAPES, esses pesquisadores não podem ser considerados como permanentes. O programa de Doutorado em Astrofísica, Cosmologia e Gravitação será baseado no princípio da co-orientação dos doutorandos, sendo um dos orientadores de instituição brasileira, e o outro necessariamente de uma das instituições estrangeiras participantes. Esta co-orientação se estenderá desde a entrada do estudante no programa até a conclusão do curso, sendo portanto diferente de um doutorado sanduíche. Assim pretendemos promover a rápida inserção do estudante nos projetos internacionais que se tornaram atualmente um dos pilares da investigação científica nas áreas de Astrofísica, Cosmologia e Gravitação.
 
As quatro instituições brasileiras envolvidas nesta proposta possuem pós-graduação (mestrado e doutorado) na área de física, com diferentes níveis de estruturação. Enquanto o CBPF tem curso nota 7 na CAPES, a UFES e a UFJF têm cursos nota 4 e a UFBA tem curso nota 3. No entanto, estas quatro instituições têm um aspecto em comum: possuem importantes grupos de pesquisa atuando nas áreas de Astrofísica, Cosmologia e Gravitação, que colaboram entre si, e que têm um amplo leque de cooperação internacional (em particular com as instituições estrangeiras referidas acima). Neste sentido, a proposta não visa se contrapor aos cursos de pós-graduação existentes nas instituições integrantes desta proposta, mas sim criar uma estrutura complementar, que aprofundaria as cooperações existentes e que terá a possibilidade de alavancar o potencial de atração de alunos de outras regiões do Brasil e do exterior. É importante ressaltar que o desenvolvimento de projetos de orientação em conjunto com pesquisadores de ponta de nível internacional além de promover a formação de doutorandos de nível mais alto, também promove no longo prazo a consolidação das colaborações brasileiras com instituições e pesquisadores do mais alto nível. As estruturas atualmente vigentes nas pós-graduações existentes na UFES, UFBA, UFJF e CBPF não contemplam esta estrutura de doutorado junto do aceite dos pesquisadores e instituições estrangeiras envolvidas nesta proposta.
 
O aspecto complementar a que se referiu acima se deve também ao fato que as áreas de Astrofísica e Astronomia não são inteiramente contempladas nos programas atualmente existentes na UFES, no CBPF, na UFJF e na UFBA. Ressalta-se também que todos os membros permanentes envolvidos nesta proposta manterão seus vínculos de atuação atuais com os programas de pós-graduação existentes em suas respectivas instituições.
 
A criação desta nova estrutura de pós-graduação pretende tirar proveito da grande sinergia existente entre as área de Cosmologia, Gravitação e Teoria de Campo, e as áreas de Astrofísica e Astronomia: atualmente, com o enorme desenvolvimento tecnológico ocorrido nas últimas décadas, estes diferentes domínios do conhecimento devem ser abordados simultaneamente. Por exemplo, as possíveis descobertas de novas partículas no acelerador LHC (Suíça-França) pode ter impacto no estudo da dinâmica de galáxias e aglomerados de galáxias, assim como do cosmo como um todo. Por outro lado, vínculos da nucleossíntese primordial, do estudo da radiação cósmica de fundo, do espectro de potência, da inflação primordial, todas essas domínios anteriormente exclusivos da Cosmologia, podem estabelecer novos vínculos sobre as teorias micro-físicas fundamentais. Além disto, o estudo de buracos negros, tema antes exclusivo dos estudos em Gravitação, se estendeu de maneira a incluir fenômenos típicos da teoria quântica de campos (produção de partículas em espaço-tempo curvo), e dinâmica de galáxias (buracos negros no centro das galáxias).
 
Os grandes projetos observacionais existentes ou planejados (dos quais as instituições estrangeiras citadas acima participam de forma significativa), tornados possíveis graças a extensa rede de cooperações multinacionais, refletem esta forte interdisciplinaridade.
O programa de Doutorado em Astrofísica, Cosmologia e Gravitação será sediado na Universidade Federal do Espírito Santo. Além de estar geograficamente em uma posição central, o Espírito Santo conta atualmente com uma ótima interligação com os demais estados da federação, tanto por via terrestre quanto aérea. No entanto, o Espírito Santo continua sendo um estado com pouco desenvolvimento na área acadêmica. Como exemplo, basta frisar que das 93 mil bolsas atribuídas pelo CNPq no Brasil, apenas 810 foram alocadas no Espírito Santo, menos do 1% do total. Em termos de projetos de pesquisa aprovados pelo CNPq, esta porcentagem é 1,4%. O Espírito Santo sediou 4 eventos científicos apoiados pelo CNPq, em 296 apoiados em todo o Brasil. Estas porcentagens contrastam fortemente com a participação econômica e populacional do Estado no seio da Federação (com em torno de 2% da população do Brasil, o Espírito Santo é o quarto maior PIB per capita, e o décimo primeiro em valores nominais). Esperamos com esta proposta de doutorado sediado no Espírito Santo contribuir para o desenvolvimento acadêmico desse estado e para a descentralização das atividades científicas e acadêmicas no Brasil. Observamos que haverá participação direta de Professor da UFES lotado no Campus de São Mateus, norte do Espírito Santo. Este campus, o CEUNES, recebe muitos estudantes originários do Sul da Bahia. Da mesma forma, observamos também a forte integração existente entre a UFJF e o CBPF.
 
Pela excelência acadêmica dos pesquisadores envolvidos, consistência da proposta do curso e potencial de contribuição para a área de pesquisa da comunidade científica brasileira, a CAPES autorizou a criação do curso com conceito 5.
 
 
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